O vale da sombra, jamais temerei!

Ei você, que não mais consegue erguer os olhos,
de tão hipnotizado pelo brilho em suas mãos,
o oceano e suas ondas se movimentam tão perto,
mas você está tão longe de toda fonte de vida.

O peito e o afago cada vez mais tão cedo trocados
pelo brilho, pelo som terrivelmente plastificado,
onde as canções de ninar vêm de uma voz
que sussura longinquamente e que nada significa.

Ah, esse maldito brilho, que de tão belo, cega,
fazendo a mim, a você, aos pequenos, 
trilhar pelo tão temido vale da sombra
em que somos incapazes de erguer os olhos.

Mas o brilho não é eterno, meu amigo, 
ele acaba em um piscar de olhos, 
e quando isso, em inusitamos momentos acontece,
passamos a ver, ouvir, falar e até a rezar.

Então lembro e repito que o vale da sombra, não temerei,
pois a Luz é imensamente superior ao nefasto brilho,
e a vontade de ser humano é maior que o desânimo
de mover os dedos em busca do sentido da vida.

Sim, tenho fé, as mães ainda entoarão canções aos seus filhos,
enquanto eles, com suas pequeninas mãos, 
seguram firmes o seio ao sugarem a seiva da presente vida, 
olhando profundamente as suas amadas protetoras.

Sim, eu creio, os amantes ainda se abraçarão 
e trocarão conjuras de amor eterno
enquanto suas mãos brincam umas com as outras,
num eterno movimento de carícias e prazer.

Assim, que o brilho se ofusque e deixe a cena, 
que as páginas sejam escritas como outrora,
e em negrito e serifa estejam prensadas,
que o vale da sombra, jamais temerei!




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