Sentado em uma poltrona vermelha aveludada
Sob a fraca luz da incandescente lâmpada
O velho homem ouve o mar de desgraças
Que afloram de escondidas lembranças
Após uma curta, fria e serene indagação.
Ao seu lado uma linda e jovem mulher
Deitada no confortável divã verde musgo
Buscando entender o seu próprio ser
Quebrando o silêncio como um grande castigo
Ferindo-se, em palavras, o seu coração.
Negava fervorosamente a sua intensa dor
Mas o vazio tomava o seu peito
Tanto que as lágrimas apareciam
E violentavam os seus castanhos olhos
Que se fechavam para o seu próprio eu.
Em cada novo encontro,
O enredo se repetia.
Até que um dia,
As lágrimas,
Desapareceram!
A mulher falou daquilo que não se lembrava,
Ouviu e reconheceu a sua própria história,
Ressignificando, assim, a sua existência,
Pôde, enfim, levantar a cabeça e o seu olhar,
Encontrando forças e razão para continuar.
O velho, também continuou,
O tempo, sempre nublado,
O divã sempre, sempre ocupado
Por alguém, com o coração apertado,
Que insistia em negar a sua própria dor.