Um dilema até a pouco tempo impensável. Quem fica com a vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quando o número de pessoas seja superior ao número de leitos disponíveis?
A Covid-19 mostrou que essa escolha agora é uma atroz realidade, não mais obra da imaginação ou ficção.
Critérios diferenciados têm sido adotados para a escolha:
- quem tem mais chance de sobreviver;
- os mais jovens;
- aqueles que apresentam um quadro pior.
Nenhuma delas é uma decisão justa. Estamos tratando de vidas, e cada uma delas importa. Mas decisões precisam ser tomadas. Então, qual seria a melhor decisão?

Pontuação – uma alternativa
Acredito que desde o início da pandemia todas as pessoas que fossem flagradas em atos irregulares deveriam ser inseridas em um banco de dados, pelo CPF, por exemplo.
Dentro desse banco de dados, vários itens com pontuações diferenciadas. Ao final, teríamos um ranking.
Vamos citar um exemplo hipotético:
Autoridades flagraram pessoas desobedecendo as normas, logo foram cadastrada nos seguintes itens:
- Promover festa clandestina: – 30 pontos;
- Participar de festa clandestina: – 15 pontos.
Além, é claro, de responderem a um Termo Circunstanciado e na transação penal também fossem penalizadas com a doação de cestas básicas para famílias carentes.
Tempos depois, a qual participou da festa foi novamente flagrada (reincidente) em outra festa clandestina. Ela recebeu – 15 pontos, mas agora multiplicado por 2.
Isso valeria para tudo, não usar máscara em locais públicos, não disponibilizar álcool em comércio, não cumprir as regras gerais.
Ou seja, no momento em que várias pessoas necessitassem de uma vaga, a pontuação tiraria dos ombros dos profissionais da saúde o peso da escolha.
Ficha criminal
Se todo o sistema funcionasse, poderia incluir nessa tabela aqueles com ficha criminal. Roubo, tráfico, estupro, furto, políticos corruptos… também receberiam uma pontuação negativa.
“Quem você escolheria: alguém que trabalha, sem registro de crimes em sua vida pregressa, ou um traficante, ou alguém que foi flagrado em festas clandestinas durante a pandemia? – parece-me uma decisão muito mais fácil de ser feita”
É claro que muitos defenderiam, dizendo que “alguém não pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime…”
Mas,
Enquanto a pandemia não acaba, enquanto faltarem leitos nos hospitais, enquanto não forem construídas tabelas e uma classificação, a pior decisão ficará por conta de cada hospital e de seus profissionais.
Portanto, vamos torcer e orar para que um dedo divino conduza sempre para as pessoas melhores e de bem, que sejam elas as escolhidas.