O Toque de Adeus

O tempo está nublado,
Cai uma fina garoa
Que lentamente se acumula
E faz as folhas derramarem
Lágrimas espaçadas.

Na gélida capela mortuária,
O uníssono coro de vozes entoa
Uma última canção de adeus,
Enquanto tremulam as velas
Que iluminam a passagem.

O coração bate mais forte
Ao ouvir que lá de dentro
Ecoa uma profunda tristeza
Entremeada por soluços
E intensas lágrimas.

As pessoas saem da capela,
Espalham-se pelo pátio,
Enquanto os policiais enfileiram-se
Segurando os fuzis em suas mãos,
Segurando o coração.

Irmãos de sangue e de farda
Represam a dor, sustentando o ataúde
Próximo da porta da capela,
Enquanto o sargento infla o peito,
E comanda as honras fúnebres.

“Em funeral,
Preparar,
Carregar,
Apontar,
Fogo.”

Três sequências de comandos e disparos
Entremeados por soluços de adeus.

Os fuzis são agora elevados
Em frente ao peito,
Enquanto um militar de verde oliva,
Com o seu clarim prateado,
Inicia o Toque de Adeus.

A garoa torna-se tormenta,
Os corações ficam inundados,
E as represas se abrem
Encharcando cada face
Que ainda insiste em negar.

O comandante da unidade,
Como derradeira homenagem,
Comanda a última continência,
Enquanto o caixão é conduzido
Ao carro funerário.

As viaturas acionam suas luzes vermelhas,
O cortejo fúnebre agora segue
Para o campo de cruzes,
Onde o corpo repousará,
Envolto da túnica militar.

Permanecem em seus irmãos
As lembranças vivas
Em momentos compartilhados
Durante toda a sua jornada
Nas fileiras da corporação.

Combateu o bom combate,
Ensinou, Salvou, Protegeu,
Agora, descanse em paz,
Nobre guerreiro,
Da farda cáqui catarinense.

Falecimento Ferreira

 

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