Em passos curtos Ambrosina caminhava até o forno a lenha,
Nos braços pedaços ainda verdes de bracatinga,
Os quais jogava no braseiro ardente,
Depois espiava dentro do forno para ver o dourado,
E sorridentemente tirava mais uma formada
De deliciosas bolachas de polvilho.
Mas era final de ano,
Então logo colocava outra,
E depois mais outra,
Até que a lata ficasse repleta,
A espera dos filhos, netos e bisnetos.
O mesmo pinheirinho verde na sala,
O mesmo presépio com menino Jesus ao centro,
As mesmas luzes que teimavam em sempre piscar,
Ano após ano, natal após natal,
Como se o tempo fosse eterno.
E lá vinha o tão esperado almoço natalino,
A família reunida em uma longa mesa improvisada,
As galinhas que antes cacarejavam no quintal,
Agora são servidas neste dia sagrado,
E como prato principal, a sempre bela lasanha.
E quando pensava que já estava farto,
Lá vinham as sobremesas,
A colorida gelatina treme-treme,
Com uma cobertura de creme de leite,
Servida em uma taça de vidro amarelo escuro.
Ah, natais, como eram bons,
Comia, brincava, ganhava presentes,
E o melhor de toda a história,
Naquele tempo ainda não precisava lavar a louça,
Pode acreditar numa coisa dessas!?
Para finalizar a tarde,
O sempre tão desafiador quebra-cabeça
Da Branca de Neve e os Sete Anões,
E no toca discos um vinil,
Cuja música já não lembro mais.
Natais, natais,
Que as ausências não sejam motivos de tristeza,
Mas fonte de sorrisos e inspirações,
Para que os pequenos que agora vêm
Possam recordar quando envelhecerem.
Como a sala com luzes decorada,
A mesa farta e uma bela lasanha,
A música alegre que toma o ambiente,
A família reunida ao redor da mesa,
E o abraço carinhoso de uma avó.