Estou navegando,
Estás ao meu redor,
Podes olhar em meus olhos,
Sentir o calor de meus lábios,
Ver as minhas mãos trêmulas,
Minha respiração ofegante.
Domina-me sem esforço
Porque sabes quais os desejos meus,
Num sorriso descomunal
O mar move-se em teus lábios
Provando o mais hábil dos marinheiros.
Sinto-me perdido,
Um lobo sem estrelas
Nas negras noites sem luar,
Mas sei, quero apenas
jogar-me nestas castas águas
Para inundar o meu espírito
Neste lânguido corpo febril.
Mas um medo me domina,
Inda não sei nadar nestas águas,
Resta-me, então, um sonho,
Pegar-te nos braços
Tocar teus seios com palavras
Como raios a imergir no firmamento.
Mas aqui ainda estou,
Cárcere dos meus desejos em chamas,
Frente a ti… que me miras assim
Querendo e rejeitando o meu ser,
Penses, fales, faças o que quiser,
Apenas espero aflito a sentença.
Creio eu,
O ardente e profundo azul
Eclodirá em calmarias,
os louros da vitória
a este lobo
que mesmo perdido
conquistou a tua alma,
teus castos beijos,
Como o céu ao mar,
No infinito do horizonte.