O mar, teus negros olhos!
um abismo de angústias
refletidas em tuas trêmulas mãos.
Um sentimento de culpa
tangencia minha pobre alma,
sou um nauta sem direção.
Refletindo em meu âmago
o motivo de ver-te assim,
sofro c’uma introspecção,
minhas noites, meu sentir.
As estrelas desaparecem,
mas em minha sã tortura
apenas vejo mais um nascer do dia
entre as cortinas que tremulam.
Olho-te novamente,
seus lábios em tom violeta
balbuciam perdidas palavras
diante dos sonhos sem sentido.
Quem sabe noutro amanhã
eu possa descobrir verdadeiramente
o enigma que te envolve
nestes velhos traços pueris.
Enquanto isso faleço,
permaneço ao seu lado
segurando tuas brancas mãos
vendo teus olhos se vitrificarem.
Meu respirar pensativo
condena-me à eternidade,
por não saber,
neste estado terminal,
nem ao menos como te fazer sorrir.
