Por que você habita o meu peito?
Por que você é atroz em minha mente?
Talvez a morte não seja tão cruel
No estado em que’u’stou…
Pois apenas estou…
Não sei…
Como a dor me entorpece!
A minha raiva é capaz não apenas de matar,
Mas também de intensamente amar.
Minhas lágrimas secam
Enquanto fito o negro alado
Atormentando-me na real solidão
Para a extinção do meu ser final.
Ah, como eu desejo a morte dolorosa
Pois sei que sofrimento pior já passei…
Ainda imberbe e de pele lisa
Conheci a felicidade nos olhos,
Nos lábios de outro alguém…
Mas o sangue escorria em seus dedos,
Ela se alimentava do amor solitário,
Fruto do seu egoísmo.
Como pude não perceber
Em seus doces olhos violetas?
Atraindo-me,
Seduzindo-me.
Apenas fui
Mais uma de suas vítimas… e
Agora estou… apenas…
Não sei…
O final está voltando
A mesma cena de outrora
Não tenho vontade de respirar
Apenas carrego um desejo intenso
Dentro de minha frustração eterna…
Ser amado!
Como essa utopia me tortura!
Malditos poetas que envernizam o amor!
Eu, em meus últimos lampejos de sobriedade
Desejo a morte, nada mais!
Algum mal nisso?
Venha morte, leve-me,
Faça com que esse lápis que empunho
Caia sobre a mesa,
E não mais delineie palavra de amor…
Venha morte, por que tardas?
Já vivi muito desta vida
E meu coração já não pulsa mais…
Enquanto espero,
Deito-me nesta cama
Ornada com cetim avermelhado
Em fúnebre silêncio
A espera do seu abraço
E do seu beijo
Único e sentido.

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