Sempre achei meio estranho a maneira como as mulheres sempre fazem algum comentário quando veem algum homem abrir a porta do carro para o sexo oposto.
É claro que nunca visualizei a citada cena ao vivo, apenas nas telas e seus filmes que romantizam a vida e seus relacionamentos.
Assim, acreditando que esse era um costume antigo, aliás, muito antigo, não via sentido em tal ação, pois na vida moderna os direitos e obrigações entre os sexos se igualam.
Entretanto, eis que um lampejo de reflexão fez-me mudar de ideia! Desde o fatídico dia fui obrigado a mudar os meus pensamentos, e descobri que os nossos ancestrais masculinos, revestidos de uma cordialidade sarcástica, faziam com que as prezadas damas acreditassem em seus espíritos de veneração ao seu sexo e às suas curvas.
Infeliz engano, pois o verdadeiro cavalheiro não abre primeiro a porta do veículo para a dama entrar. O legítimo cavalheiro faz exatamente ao contrário! Explico o motivo oculto, repleto de egoísmo revestido de cordialidade no ato de abrir a porta para a sua confidente entrar:
Nos dias quentes, em que o sol castiga a tudo e a todos, se o homem abrir a porta para sua companheira entrar primeiro, estará fazendo com que ela entre num verdadeiro forno. Ela entrando antes, certamente abrirá a janela para refrescar um pouco o interior, enquanto o nobre e estimado cavalheiro caminhará lentamente ao redor do carro, para depois entrar num ambiente não tão desagradável.
Nos dias frios, o contrário também acontece, pois a dama, ao entrar primeiro, levemente aquece aquele ambiente interior, e o cavalheiro cara de pau, ao entrar por último no carro, lasca um beijo em sua amada e ainda diz “como está melhor aqui dentro!” – é óbvio que está!!!
Revelando isso, doravante deixarei que minha amada consorte escolha a minha conduta, desejando que eu abra a porta para ela ou que eu entre primeiro em nossa carruagem. Embora acredite, sinceramente, que ela escolherá entrar primeiro e sentir-se cortejada, além de ser alvo de olhares invejosos; enquanto a outra conduta, difícil realidade, parecerá, aos seus olhos, má vontade, e que eu não estarei demonstrando o quanto a amo.
Enfim, de uma maneira ou de outra, serei um cavalheiro até a morte, ou metade cavalheiro, conforme a escolha que ela fizer.