03h55min, madrugada de domingo. A chuva não para, não há ninguém pela rua, somente vejo uma radiopatrulha solitária. Estou olhando o rio que corre apressado, nervoso. Nervosos também estão os moradores que olham pelas janelas, rezando para que a chuva cesse.
Lembram de 2008, quando a chuva, intensa como a de hoje, encheu os rios, alagou algumas casas, encharcou o solo, provocou deslizamentos, destruiu casas e algumas vidas.
Lembranças aliadas aos últimos fatos ocorridos no sudeste e no extremo sul. Cicatrizes que não chegam, que nunca chegarão.
Mais algumas luzes se acendem. Alguns começam a erguer os móveis. Outros despertam os filhos. Feições de desespero. Mais radiopatrulhas. Bombeiros.
04h50min, vou caminhando aliviado por não mais morar ali, ao lado de um rio, mas entristecido pelas lembranças de outrora. Vou caminhando e rezando, para que a chuva pare e aquelas famílias não precisem sair de casa, para que aquelas crianças não se traumatizem e que, quando chover forte num domingo de madrugada, consigam dormir tranquilas, com o canto da chuva que cair no telhado.